Sunday

*Janelas [Verão/00]

Meu carro dormiu todo aberto no estacionamento do meu condomínio. Acho que foi a primeira vez aqui em Davis que eu esqueci as janelas do carro abaixadas e as portas destrancadas e fui pra casa. No dia seguinte que vi o que tinha feito. E o carro ainda estava lá, oh well! Mas estava TÃO quente naquele dia (e ainda está, oh Lord, have mercy!). Eu fui à Sacramento com uma amiga, fazer compras no Trader Joe's, e quando voltei estava realmente de miolos fritos. E eu tenho essa mania de ar, de arejar, de querer tudo natural, mas nesse calorão simplesmente não dá.

Em Saska eu sempre deixava o meu carro aberto na rua, com as janelas escancaradas, tomando sereno das noites frescas de verão. Não sei como nunca achei nenhum esquilo ou outro bicho acampado no carpete macio do chão. Às vezes entrava um ou dois pernilongos.

Em Piracicaba, uma vez deixamos as portas do carro abertas por um minuto e quando voltamos tinha um cachorro enorme fazendo do pequeno espaço sua casa. Tínhamos ido à Águas de São Pedro, eu, o Ursão e o Gabriel, mais o Zé, a Helô e o Pedrinho. Passeamos, compramos licores e doces e quando voltamos já era noite e chovia muito. Levamos as crianças pra dentro da casa e quando voltamos lá estava o cachorro. O Gabriel gritava de alegria da janela. Ele queria adotar o bicho, que só queria mesmo estar no quentinho e na secura do carro. Foi um drama tirar o animal de lá, porque não queríamos deixá-lo na chuva, mas
fazer o que?

E melhorando dessa mania de deixar portas (às vezes com as chaves do lado de fora) e janelas abertas, hoje estou tendo que me submeter a fechar tudo, e ligar o ar condicionado.
*De Olhos Bem Abertos [Nov/00]

Quando visitamos um lugar como turista, é comum observamos os detalhes especiais, as qualidades fantásticas do lugar, que nos saltam aos olhos e diferem do lugar de onde viemos. Olhamos para as grandes coisas, para a paisagem, para os pontos turísticos, para as diversidades.

Eu já tinha estado em Las Vegas e Reno, visitando essas cidades como turista. Como elas pertencem ao mesmo país onde eu vivo, não prestei muita atenção a detalhes que não fossem a magnitude do luxo e do exagero das construções e instalações dos cassinos. Sobre o dia-a-dia do povo dessas cidades, só um breve pensamento inquisitivo me passou pela mente: como será que eles vivem? O que eles fazem aqui? Será que todo mundo trabalha com algo relacionado aos cassinos? Agora uma dessas cidades, neste estado estrangeiro de Nevada, poderá tornar-se a minha casa . Desta vez eu visitei Carson City, Reno e a parte de
Nevada de Lake Tahoe com outra mentalidade. Desta vez eu procurei ver o que as pessoas comuns, que vivem no lugar, fazem e como elas são. Eu nunca tinha reparado que o povo de Nevada tem um sotaque diferente do da Califórnia. Desta vez isso me saltou aos ouvidos! E também reparei em como eles são gentis numa coisa bem mais de estilo interiorano, do que a gentileza groovy dos californianos. Também olhei a poeira, a secura e o verde-acinzentado do deserto com mais interesse. Perguntei o que acontece com toda aquela terra quando chove. Fica a maior lama? A resposta que recebi foi que lá quase não chove, mas neva um pouquinho e isso ocasiona uma lama de vez em quando, mas não muita. Quis saber se lá tinha cinema, se tinha provedor pra conectar na
Internet, onde estavam os shoppings, tem universidade por perto, quantos minutos de carro é daqui pra lá e de cá pra lá? O Ursão disse que eu estava de olhos arregalados e pensou que era de susto..... Mas era mesmo pra melhor enxergar!