Saturday

um dia por vez! [02/02/2001]

Eu tô tão contentona! O mês começou com o pé direito! Alguém pode ver o meu céu daí? Deve estar todo estrelado!!:-) Ontem meu irmão esteve aqui. Jantamos juntos, em grande família, papeamos até tarde e hoje acordei cedo, fiz café da manhã pra ele, conversamos mais e eu fiquei com essa sensação boa de estar no centro, no núcleo de uma familia muito amorosa. Meu irmão é altão e falador, como eu! Um pouco mais altão e muito mais falador! Fiquei na janela do quarto vazio do Gabriel, com o Misty Gray todo rebolante no parapeito, olhando meu irmão de casaco longo e preto entrar no carro e seguir para seus encontros de negócios em San Francisco. Esses são momentos kodak, como diria alguém!! :-)

Como a Ju comentou, quando moramos em outro país às vezes sentimos a distância e a separação, que pode ressoar num vazio, mas essa nossa experiência aqui é incomparável. A Eli também tem umas histórias interessantes pra contar, porque quando ela fala pra mim 'quero ir pra 'casa'!', essa casa é a Noruega! Outro dia conversando com ela que eu caí na real de toda essa complexidade de sermos estrangeiros. Quando eu falo 'casa', eu quero dizer 'Califórnia', porque aqui é minha casa, em cada mínimo detalhe do que eu entendo dessa palavra. Em breve a Ju também vai estar definindo isso... E espero que a 'casa' dela continue perto da minha!

Agora eu adotei umas rotinazinhas, porque continuo 'on hold' no mercado de trabalho, então antes eu fazia listas de coisas pra fazer e me cobrava nunca ficar ociosa [que pecado mortal ser vagal, hein?] e não podia perder o rebolado e mostrar que eu estou 'fazendo nada'. A reclusão acaba sendo uma coisa muito comoda. Então nas decisões de inicio de ano [e século] eu anotei: fazer UMA coisa por dia [visitar alguém, ir ao supermercado, fazer laundry...]; ler a pilha de livros acumulados [tenho livro esperando pra ser lido desde 98!]; retornar telefonemas [esse é uma decisão desafiadora!]; cozinhar por prazer; responder msgs recebidas no mailbox no mesmo dia [outro desafio!]; me livrar do entulho [em todos os significados possíveis]; pensar positivo full-time; e ir mais vezes ao cinema, entre as opções de diversões, que inclui também descobrir shows de caras como o cunhado do Jimmi Hendrix e ir dançar a noite inteira na maior alegria!

Bom, então vou ao cinema no final de semana com o Mr. Ursão e na sexta-feira vou ao cinema sozinha!! Compro pipoca e pepsi, levo saquinho com chocolates na bolsa e me divirto! Hoje vi um filme que foi um prazer.... Dirigido pelos irmãos Coen - Oh Brother, Where are Thou? [já está em cartaz no Brasa, com um nome bem sujestivo, tipo Cadê Você, Meu Irmão?]. Se vocês tiverem a chance, assistam! A história é vagamente baseada na Odisséia de Homero, só que situada no Mississipi dos anos 20. Tem muito Blues, um humor requintado [tipico dos Coen], o charmoso George Clooney com cara de Clark Gable e até uma réplica do Robert Johnson! Uma delicia de filme!

E amanhã tem um baita showzão de Blues em Sacramento! Alguém topa ir? Juliana? Eli? Lúcia? Lígia? Letti? Mônica? Quem topa? Vamos?? :-)
* livros...* [14/02/2001]

Minha mae eh fanzissima do Jose Saramago e vivia me mandando livros dele. Quando ela foi pra Portugal pela primeira vez, correu comprar os livros dele que ela nao achava no Brasil. Minha tia tambem se encantou com o Evangelho Segundo Jesus Cristo e me deu esse livro. Isso ja faz uns bons anos... Eu NUNCA li os livros do Saramago, porque na epoca minha prioridade era o ingles.... Os livros ficaram para um canadense que estava tentando melhorar o portugues dele. Nossa, como as vezes a gente marca touca....

Bom, outro dia me deu um comichao de leitura e fui numa bookstore em downtown e nada parecia me fisgar, ate que vi tres livros do Saramago e resolvi comprar um deles. Em ingles, nao eh uma incoerencia? Bom, devorei The Year of the Death of Ricardo Reis. Fiquei fanzoca do Saramago, mesmo lendo ele em lingua estrangeira. O estilo dele esta la, atravessando o vidro furta-cor da traducao! Um artesao das sentencas! Eu ia lendo em ingles e tentando imaginar como ele teria
escrito aquilo no original, em portugues. Adorei a historia, que eu nem sabia [nao me xinguem de ignorante!] que o Ricardo Reis era um dos pseudonimos do Fernando Pessoa!! Eu so conhecia outro - Alvaro de Campos? Mas minha mae disse que eram tres e que o Pessoa 'matou' dois deles antes de morrer, mas o Ricardo Reis ficou.... Quem acabou com a incumbencia de mata-lo foi o Jose Saramago...! :-)

Agora pedi envergonhada para a minha mae me mandar outros livros do Saramago.. em portugues. Desta vez eu vou ler!!!! :-)

Friday

* Chucrute com Salsicha* [30/10/01]

Eu sou uma aficionada por livros e cadernos de receitas, apesar de não cozinhar muito. Eu adoro tê-los e folheá-los! Especialmente se eles forem antigos, manuseados, cheios de historia!

Minha mãe tem um monte de cadernos assim, uns são fichários, porque ela sempre foi uma mulher pratica e trabalhou em banco por trinta anos. Eu adorava abrir o fichário e destacar a folha que queria! Elas eram todas borradas de ingredientes respingados e cheiravam a casa da minha mãe! Fora a letra dela, que é uma letra bem interessante, de mulher que não tem tempo, não tem saco, nem cozinha, mas quer ter as receitas!

Quando comprei meu primeiro computador pessoal em 87, estava tão entusiasmada com a geringonça que resolvi 'passar a limpo' as receitas dos cadernos da minha mãe. Que audácia! :-) Bom, a tarefa deu com os burros n'água por vários motivos. Um que eu cato milho, o que deixa a digitação mais lenta que passo de tartaruga. Outro que as receitas eram tão deliciosas, que eu digitava uma e corria pra cozinha em desespero!! :-)

Uma delas me fez rolar de rir, a ponto da incredulidade. Minha mãe sempre trabalhou fora. Aposentou-se em 82 e continua trabalhando ate hoje. Ela é uma mulher pratica, uma pessoa que vai logo ao ponto. Então uma das receitas, que eu nunca esqueci dizia assim:


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Salsichas com Chucrutes [da Maria José]

Compre o chucrute pronto e sirva com as
salsichas.

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Ha Ha Ha Ha! Me enche os olhos de lagrimas só de escrever isso! Essa receita é a CARA da minha mãe!!! Ha Ha HaHa Ha!!!!

Monday

* Aliens have taken over my children's bodies * [13/05/99]

To acabando meu trabalho, abro meu mailbox pra mandar uma mensagem pra minha chefa e me deparo com essa mensagem abaixo, vinda de uma lista de discussão de early childhood education que eu participo:

From: Cap Pack
Subject: Aliens have taken over my children's bodies
To: ECENET-L@POSTOFFICE.CSO.UIUC.EDU

I am a teacher in a college located pre-school. I am now convinced that last weekend aliens took over their bodies. These are not the same people I have been working with for the last 9 months. We have only four more days with these children (if that's what they are) before the semester ends for the summer.
Hopefully then, the aliens will go back to their planets and parents
will have their wonderful children to enjoy for the summer.

Cap Pack



HaHaHa!!!!!!

Parece que estou ate vendo as crianças-aliens! Elas estão aqui no meu CDC, no campus da UCDavis também. Tem dias que minhas crianças parecem possuídas.... deusquemelivre! Essa semana foi uma. Será que houve invasão de aliens em todos os CDCs universitários?? Omaigawd! Tem uma menina que a gente nem pergunta mais o que aconteceu quando ela começa a chorar em berros frenéticos, nos já vamos direto pra caixa de primeiros socorros. Nunca usamos tanto band-aid nessa escola.... E tivemos que guardar todas as bolas, porque os 'possuídos' estavam enfiando pauzinhos e esvaziando uma por uma. Ninguém escuta as estórias no circle time. Todos riem histéricos por qualquer coisinha. To com o Cap Pack e não abro!!! :-)

Hoje tive um pesadelo horrível com uma das minhas crianças. Às vezes eu acordo de noite falando coisas, berrando ('careful Bridget!', slow down Jesse!') ou sentada na cama de braços erguidos num susto, tentando 'salvar' alguém de um tombo ou outro acidente rotineiro qualquer.... Hoje fiquei muito tempo tentando me reconectar depois do pesadelo e demorou pra eu entender que aquilo do sonho não tinha acontecido e não era real... Ufa! Hoje fui super cuidadosa com o 'objeto' do meu pesadelo.

Mas apesar das invasões de corpos, reações psicofrênicas ao açúcar, choradeiras intermináveis, gritarias histéricas, manhas irritantes, bagunças infernais, sujeirada tempo integral, eu to cada vez mais adorando esse trabalho que eu faço lá na escola... Depois conto pra vocês o por quê...

Thursday

*Netjunkie* [05/25/2001 ]

Pifou um cabo ou algo assim…. Todos os assinantes de DSL da PacBell no estado da Califórnia ficaram sem conexão de internet desde ontem à noite. De manhã, logo após o café, ainda de mau humor, não consigo conectar. Tudo dá errado e eu tenho um ataque histérico, um piripaque! Ligo pro meu marido [que ta no campo de teste] e pro meu filho [que ta dormindo], xingo todos os engenheiros da Pacbell de fuckers, chuto o computador, dou um murro na mesa e fico chorando e me lastimando pela casa. Uma tragédia! Não tenho conexão de internet! Fui tomar um banho, me acalmei e finalmente admiti que eu tenho um problema: sou Junkie! Não posso ficar sem minha rotina de checar e-mail, ler e escrever... Meudeusdocéu, parece que o dia ficou todo podre e bichado...

Me troquei e fui buscar outra fonte de realização e prazer. Acho que a mente dos viciados funciona mais ou menos assim: o alcoólatra que não pode beber se enche de coca-cola e café; o fumante que não pode fumar se enche de chicletes e doces; o junkie de internet que não tem conexão vai às compras. Então fui pra Vacaville, que lá tem todas as lojas que eu preciso [p-r-eeeee-c-iiiii-s-ooooo!!!]. Não comprei nada pra mim. Bom, pra falar a verdade, comprei sim: uns óculos de sol de lentes amarelas, que eu já sai da loja pensando em devolver. Pra que eu quero uns óculos de lentes amarelas que deixa o mundo com cor de mijo?? Foi um impulso incontrolável de comprar. Uma coisa inexplicável, um delírio de junkie......

Pelo jeito, os engenheiros da Pacbell [os fuckers!] devem ter trabalhado frenéticamente o dia inteiro e a conexão voltou a funcionar! Aleluia! Muitas mensagens no mailbox, nem sei por onde começar a ler e a escrever!!! Happy, Happy, Joy, Joy!! Acabou meu período de abstinência…. E eu sobrevivi!!

Tuesday

*quatro-rodas* [verão/01]

Ontem eu fiz uma cagada, entrando na linha contra-mão, enquanto tinha uma fila de carros pra virar no semáforo [um desses three way, que levam um século pra abrir do seu lado] . Nossa, que VERGONHA! Todo mundo buzinou e quando caiu a minha ficha, eu me encostei no primeiro carro da fila, que me olhou com uma cara feia, e fiquei lá suando e querendo me enfiar no buraco... Primeiro o perigo de um carro virando bater em mim. Segundo o vexame de parecer que eu estava querendo cortar a fila e sair na frente... Foi somente pura e simples DISTRAÇÃO! Caracoles, que confa!

Eu já falei que não dá pra viver sem carro aqui na Califórnia? Só os habitantes da cidade de San Francisco que se podem dar ao luxo de não ter carro. Mesmo assim, com tudo tão pertinho, todo mundo quer ter um caranguinho pra se movimentar pra cá e pra lá – ir esquiar em Lake Tahoe , ou curtir uma praia [brrrr!!] mais pro sul nos findi. Aqui em Davis os estudantes e faculty da UCD usam bicicletas no campus, mas isso não te dispensa de ter um ‘quatro rodas’. Todo mundo tem carro e você olha e vê UMA pessoa em cada carro... Um verdadeiro desperdício de espaço e energia. Sorte a nossa que a gasolina ainda é barata. Nós pagamos $1,59 por galão, no Arco aqui na esquina, mas tem postos que cobram até $2 o galão. Quando nós chegamos aqui a gasolina não era nem $0,90 o galão... Quem tem carrão que precisa se cuidar. Eu tenho um japonês [Nissan] que eu encho o tanque com $16! Tá bom, né? E lasco a lenha no carrinho, porque tudo o que eu faço envolve pegar a freeway ou a interstate e dirigir pelo menos 20 min. Ontem estava pensando nisso, enquanto voltava de Sacramento... Como a gente dirige aqui... Sorte que as cidades têm uma boa engenharia de trânsito, tudo super planejadinho e o trafego flui relativamente legal. Mas sem carro, na Califórnia, não dá......

Sunday

*Manifesto Pipoca* {primavera/01]

O problema é a maldita PIPOCAAAAAA!!! Meu marido faz parecer que eu que sou neurótica, mas graçasadeus encontrei almas-gêmeas, como vocês, para dividir meu ódio por pessoas comendo pipoca de boca aberta durante o filme... Nossa, eu só não subo pelas paredes porque meu marido fica fazendo cada cara.... Tenho que me controlar pra não brigar com ele também. Aliás, nós já brigamos por causa disso.. Eu sempre mudo de lugar, reclamo, fico falando [em português, o que me salva, mas a minha entonação é bem irritada!]. No Crouching Tiger, Hidden Dragon o cinema estava lotado e nós sentamos do lado das cadeiras com espaço pra deficiente. Ainda bem que tinha um espação, porque tinha uma família DEVORANDO pacotes de tudo [aqui vendem nachos com queijo no cinema, além de hot dogs, sorvetes, balas, café, sodas..] e do outro lado um casal gordinho. Quando o filme começou, eles abriram a mochila e começaram a tirar coisas! Pacotes de cheetos.... Fazendo aquele barulhão!! Aqui também é proibido trazer coisa de fora do cinema pra comer. Eles querem te obrigar a consumir as coisas caríssimas que eles vendem dentro do teatro. Só pra exemplificar, uma pipoca e uma pepsi [ambos size small] sai quase $10.... mais caro que o preço do ingresso... Então tem gente que leva coisa na bolsa. Eu às vezes levo um chocolatinho. Mas mochila com pacote de 1kg de salgadinho crocante é demais, né? Bom, eu fiquei louca.. aquele filme lindo e a mulher tentando abrir o sacão de cheetos.... CracCraccraccrrrrraccccc! Vontade de levantar e arrancar o sacão da mão dela, jogar no lixo e ainda dar um tabefe na cara da fulana.... Mas meu marido já tava de cara feia comigo e eu me controlei. Mas uma outra pessoa no banco da frente não aguentou e reclamou. A farofeira ainda retrucou 'só estou querendo comer uns chips..'. GRRRRR!!



Ontem fomos na sessão das 6:30pm ver Pollock e o cinema alternativo lá de Sacramento nunca esteve tão lotado. É daqueles cinemões antigos [igual o Crest, aquele da década de 40, em downtown onde eu vi Dancer in the Dark] e tem uma sala enorme em escadarias, bem legal, só que os espaços entre as cadeiras são estreitos e então fica a fileira de trás fungando no seu cangote. Eu sentei num lugar estratégico, no altão, de lado, assim não iria ter uma multidão ao meu redor [alem de neuras de barulho de boca, eu tenho uma claustrofobia e fico terrivelmente inconfortável no meio de multidões... eu sei, preciso de ajuda... urgente!!! ;-)]. Pois não é que sentaram dois 'pernalongas' atrás de nós? Ela com os pés na cadeira do lado da minha. O cinema é velho, tudo ressoa, vibra... Eu dei varias olhadas congelantes pros pés da mulher, mas ela não se tocou. Dai me chega um casal com um SACÃO GIGANTESCO de pipoca e cada um com um copão de pepsi..... Eu quis chorar! O homem [era um casal de uns quase 70 anos] mastigando de boca aberta, fazendo o maior barulho..... Isso é um treinamento zen pra mim, ceis nem imaginam.........



O problema aqui é que a maioria dos filmes NÃO tem legendas como tem ai no Brasil, então você tem que ficar quieto pra poder ouvir o filme. Acho que o pessoal fala aí porque não tá preocupado, tem legenda em caso algo escape. Aqui não tem... E se você ta comendo fazendo barulho, como você vai ouvir os diálogos?? Será que eu também tenho problema de audição [além de ser uma persona non-zen]?? Eu quero OUVIR e VER tudo e esses pipocudos não me deixam. Revolta! Revolta! Revolta!! Silêncio no cinema, JÁ!!!!!!
*Perdendo até a cabeça* [Primavera/01]

Minha mãe costumava dizer que eu só não perdia a cabeça, porque estava grudada no meu corpo.... Ela sempre teve razão. Eu sou distraída e muitas vezes já entrei em confas terríveis por causa da minha cabeça de vento.....



Hoje levei um baita susto! Eu sempre levo sustos, porque quando a vida bate de frente eu to sempre pensando na morte da bezerra ou muito ocupada fazendo coisas inúteis....



Hoje eu fui revelar uns filmes e comprar produtos de limpeza e banheiro e aproveitei e fui num shopping lá em Sacramento, desses abertos, que tem algumas outras lojas que eu curto encaroçar e comprar. Fiz o que tinha que fazer e fui olhar com calma uma loja de ponta de estoque que eu adoro! Lá você compra de tudo, mas tem que entrar com tempo e paciência, porque é tudo amontoado, zoneado e sempre cheio de gente. Eu fiquei umas duas horas lá dentro, olhando mil coisas [to precisando de coisas pro verão!] e enchendo o meu carrinho [sim, você faz compras lá com um carrinho de supermercado!]. Eu sempre faço assim: ponho tudo o que vou gostando no carrinho, depois vou pensando e acabo devolvendo metade das coisas! Hoje eu realmente tava animada! Escolhi um montão de roupetas, umas taças de vinho, um lençol, um outro quilt [já falei que sou louca por eles?] e fui ver os sapatos. Experimentei uns cinco pares de sandálias e depois fui olhar as bolsas, que são outra paixão! A loja é uma ZONA e hoje tudo estava particularmente desorganizado. Eu achei uma bolsa que eu amei [da Guess] por apenas $9,99 e já fui pendurando no ombro, pra ver como ficava, me olhando nos espelhos e tal. Ainda circulei pela loja um tempão ate resolver ir pros vestiários experimentar as roupas. Eles contam os cabides, te dão um número e você entra nas cabines. Eu pendurei todas as roupetas calmamente e sorridentemente nos ganchos e ..................................................[[[ PLIN!! ]]] ..... caiu a ficha: CADÊ A MINHA BOLSA??????????? Sai correndo, saltando e empurrando, disse pra moça da porta - I LOST MY PURSE!!! Fui dando um pique pela loja, direto pro lugar das bolsas, porque eu lembrei de ter pendurado a bolsa nova no ombro e dai que me toquei que pendurei uma e não estava carregando a outra! Avisei uma vendedora que já interfonou pra vários lugares perguntando se alguém tinha achado uma bolsa. Enquanto eu corria pra lá e pra cá, voltava pra dizer pra vendedora 'é uma bolsa assim assado, cor beije...'. E corria refazendo o caminho que já tinha feito na morosidade e tranquilidade. A cena foi hilária e patética! Eu correndo desengonçada pela loja..... Que absurdo, perder a própria bolsa!! Eu tava me cagando, porque meus credit cards estavam lá e também a minha ID, meu cartão ATM do banco.... Além do dinheiro que eu ganhei no cassino no domingo.... :-) Que medo que alguém tivesse pego meus cartões... Iria ser uma encheção de saco, sem falar que tem lugares [como postos de gasolina] onde só se passa o cartão e nem precisa assinar. Eu sempre morro de medo de perder minhas coisas, porque sei que é só dor de cabeça. Aqui até que as coisas funcionam eficientemente quando esses acidentes acontecem, mas o meu ultraje era pensar que eu tinha largado minha bolsa em algum canto, sem nem ao menos perceber, parecendo uma coisa super irresponsável, super fútil, super cabeça de minhoca.



No meio do corre-corre me deu uma luz e eu visualizei a hora que eu tava experimentando as sandálias na área dos sapatos e tava tamanha ZONA que eu não achava lugar pra por as caixas... Corri lá e a bolsa esta ainda no banquinho!!!! Abri a dita cuja, tremendo, pra checar os cartões e estavam todos lá! O dinheiro também.... GRACASADEUS!!! UFAAAAAAAAA!!!!!! Avisei a vendedora que me olhou com uma cara de 'que saco!!' e ainda tive a cara de pau de comentar 'nossa, como a gente pode ficar distraída aqui dentro, hein?'... As palavras fizeram eco na minha cabeça desmiolada.... Acorda, Fezoca! Se liga pra vida, hein??? Voltei pro vestiário e acho que perdi ate o tesão de comprar, porque nenhuma roupa ficou legal. Devolvi todas e dai fui resolver outras coisas. Devolvi o lençol, o quilt, as taças.... Comprei a bolsa e as sandálias. Uma delas, que fiquei indecisa entre o 39 e o 38 e depois de muita encasquetação filosófica libriana acabei optando pelo 38, ficou muito justa. Vou ter que ir lá devolver.... Here we go again....
*Cotton Club - the movie* [Primavera/01]

Fiquei ate a 1:30am vendo um filme na tv. Eu nem estava planejando ver nada, mas sentei pra dar uma zapeada e o filme tava comecando. Era The Cotton Club, do Francis Coppola.

Eu vi esse filme faz tantos anos, no cinema. Nunca mais revi. Desta vez adorei mesmo todas as performances de danca! Uau! Lembrei do Marcelo, porque os caras sao bons no sapateado. Naquela cena onde o Gregory Hines e a namorada vao ao clube dos sapateadores e todos eles dao uma canja e depois dancam juntos eh fantastica! Amei o figurino, a reconstituicao de epoca e tambem gostei de ver a cara de alguns atores ainda tao novinhos [Diane Lane, Nicolas Cage e ate o Richar Gere, com aquele bigodinho ridiculo, mas estava gostosao como sempre!]. Tambem gostei de ver o sumido Bob Hoskins e o Tom Waits!! Outras caras que apareceram no filme eu nem acreditei: o Mario Van Peebles, como um dancarino exotico do CC; a Jennifer Grey [antes de operar o nariz e mudar de cara] como a esposinha do Nicolas Cage; o Laurence Fishburne, como um jogador; e o que eu mais vibrei: JOE DALESSANDRO, no papel de 'Lucky' Luciano!!! Ele ainda estava um xuxizinho... agora esta um bofe decadente, que pena! O cara que fez o Cab Calloway tambem estava muito bom. Alias, tudo estava bom! Eu curti muito rever esse filme!!
*Memento* [Primavera/01]

Depois de 3 semanas de secura de cinema, ontem fomos a Sacramento no Tower Theater ver o filme que todo mundo ta comentando: Memento.

Vou dizer porque eu gostei e nao gostei.

Gostei porque eu gosto de tudo que eh diferente e esse filme comeca no final e termina com o inicio... :-) Eh que ele eh feito de tras pra frente e de proposito [o montador nao estava drogado!]. Entao o filme comeca com o fim e vai se desenvolvento em pequenos fragmentos de lembrancas do protagonista [o guapo australiano Guy Pearce, fofissimo demais de cabelos loiros e todo tatuado].

Lenny nao tem memoria de 'short term' [nao sei como traduz isso!]. Entao ele nao consegue reter informacao recem-adquirida. Ele lembra de tudo ate o momento da morte da esposa e depois disso baubau. O objetivo dele eh vingar a morte dela, que segundo ele foi estuprada e morta por um tal de John G. Para lembrar-se dos fatos e dados da sua investigacao, ele carrega uma pasta com anotacoes, tira fotos polaroides e tudo e todos e tatua frases importantes no proprio corpo.

O filme vai andando pra tras, fazendo voce colar os fragmentos como num quebra-cabeca, ate o final[ou comeco!] surpreendente.

Eu nao gostei do exagero do vai e vem dos fragmentos, que vao pra frente [ou pra tras.. ai, que confa!] e pra tras [ou pra frente??] muitas vezes, repetindo muitas cenas e dando um cansaco.... E nas cenas intermediarias em preto&branco, Lenny fala ao telefone, contando a historia do crime e de um ex-cliente dele, que passou pelo mesmo problema de memoria depois de um acidente. Essas cenas sao arrastadas e eu fiquei revirando[bunda esquerda/bunda direita] na cadeira....

Mas na soma total, eu achei Memento muito legal..... Criativo, bem feito e fiquei fanzoca do pequenito Guy Pearce! :-)
*TvNet* [Primavera/01]

Outro dia eu peguei um canal brasileiro de televisão pela internet. Era a Rede Record de Cuiabá, senão me engano. Foi uma experiência interessante. Primeiro vi o programa da Adriane Galisteu. Depois vi um filme dublado em português e por fim vi o jornal Notícias da Record. O jornal até que não era ruim, mas tinha um direcionamento muito político e sinceramente, eu fiquei de saco cheio ao constatar que faz quase dez anos que eu saí do Brasil e parece que nada mudou na
política brasileira. Fiquei irritada com uma notícia sobre o afundamento da plataforma da Petrobrás [ que dizia que o relatório especificando os problemas só foi lido UMA SEMANA depois do acidente] e como as outras reportagens falando de gente que eu nem conheço não eram menos irritantes, eu fechei a conexão.....

Ver o tal programa da tal Adriane Galisteu, me fez entender o fanatismo da classe média brasileira pela tv a cabo. Tem mesmo que se enfiar de cara na mediocridade americana, porque a mediocridade brasileira é BEM pior!

O filme dublado era Mrs. Winterbourne com a Shirley Maclaine, o Brendan Fraser e a Ricki Lake. Eu assisti ao filme inteiro e confesso que, agora que filmes dublados são uma raridade pra mim, acho essa prática muito esquisita Primeiro porque a dublagem deixa os diálogos com um ar falso. Depois porque os personagens falam um português que eu NUNCA ouvi ninguém falando: empostado, gramaticalmente perfeito ao exagero e com uma pronúncia que parece ser da terra-do-nunca, porque não é carioca, não é paulista, não é baiano, não é gaúcho.....

Comentávamos ontem, ainda na mesa do almoço devorando ovinhos de chocolate, por que a maneira como as pessoas falam na tv brasileira parece falsa. O Senhor Ursão disse que não entende por que os jornalistas lêem as notícias de uma maneira quase cantada. E a questão dos filmes dublados também veio à tona, com experiências semelhantes na Noruega [onde eles dublam o filme para o norueguês e põe legendas em inglês... ainda não entendi qual é o raciocínio daqueles vikings!]. Por que o filme dublado soa tão estranho, se o inglês do original soa como qualquer diálogo que se ouve na rua? Por que a dublagem não pode ser feita com a mesma displicência dos diálogos originais?

Em Los Angeles eu pude rever um capítulo da novela Chica da Silva dublada em espanhol para o canal Telemundo. A sensação de que algo estava errado, algo estava fora do lugar, foi gigantesca. Talvez porque eu estivesse acostumada com o som das novelas, que pelas minhas lembranças de televisão brasileira eram o único retrato mais ou menos próximo do que é o nosso português cotidiano, das ruas, de como realmente falamos.

Still wondering.....
*Janelas [Verão/00]

Meu carro dormiu todo aberto no estacionamento do meu condomínio. Acho que foi a primeira vez aqui em Davis que eu esqueci as janelas do carro abaixadas e as portas destrancadas e fui pra casa. No dia seguinte que vi o que tinha feito. E o carro ainda estava lá, oh well! Mas estava TÃO quente naquele dia (e ainda está, oh Lord, have mercy!). Eu fui à Sacramento com uma amiga, fazer compras no Trader Joe's, e quando voltei estava realmente de miolos fritos. E eu tenho essa mania de ar, de arejar, de querer tudo natural, mas nesse calorão simplesmente não dá.

Em Saska eu sempre deixava o meu carro aberto na rua, com as janelas escancaradas, tomando sereno das noites frescas de verão. Não sei como nunca achei nenhum esquilo ou outro bicho acampado no carpete macio do chão. Às vezes entrava um ou dois pernilongos.

Em Piracicaba, uma vez deixamos as portas do carro abertas por um minuto e quando voltamos tinha um cachorro enorme fazendo do pequeno espaço sua casa. Tínhamos ido à Águas de São Pedro, eu, o Ursão e o Gabriel, mais o Zé, a Helô e o Pedrinho. Passeamos, compramos licores e doces e quando voltamos já era noite e chovia muito. Levamos as crianças pra dentro da casa e quando voltamos lá estava o cachorro. O Gabriel gritava de alegria da janela. Ele queria adotar o bicho, que só queria mesmo estar no quentinho e na secura do carro. Foi um drama tirar o animal de lá, porque não queríamos deixá-lo na chuva, mas
fazer o que?

E melhorando dessa mania de deixar portas (às vezes com as chaves do lado de fora) e janelas abertas, hoje estou tendo que me submeter a fechar tudo, e ligar o ar condicionado.
*De Olhos Bem Abertos [Nov/00]

Quando visitamos um lugar como turista, é comum observamos os detalhes especiais, as qualidades fantásticas do lugar, que nos saltam aos olhos e diferem do lugar de onde viemos. Olhamos para as grandes coisas, para a paisagem, para os pontos turísticos, para as diversidades.

Eu já tinha estado em Las Vegas e Reno, visitando essas cidades como turista. Como elas pertencem ao mesmo país onde eu vivo, não prestei muita atenção a detalhes que não fossem a magnitude do luxo e do exagero das construções e instalações dos cassinos. Sobre o dia-a-dia do povo dessas cidades, só um breve pensamento inquisitivo me passou pela mente: como será que eles vivem? O que eles fazem aqui? Será que todo mundo trabalha com algo relacionado aos cassinos? Agora uma dessas cidades, neste estado estrangeiro de Nevada, poderá tornar-se a minha casa . Desta vez eu visitei Carson City, Reno e a parte de
Nevada de Lake Tahoe com outra mentalidade. Desta vez eu procurei ver o que as pessoas comuns, que vivem no lugar, fazem e como elas são. Eu nunca tinha reparado que o povo de Nevada tem um sotaque diferente do da Califórnia. Desta vez isso me saltou aos ouvidos! E também reparei em como eles são gentis numa coisa bem mais de estilo interiorano, do que a gentileza groovy dos californianos. Também olhei a poeira, a secura e o verde-acinzentado do deserto com mais interesse. Perguntei o que acontece com toda aquela terra quando chove. Fica a maior lama? A resposta que recebi foi que lá quase não chove, mas neva um pouquinho e isso ocasiona uma lama de vez em quando, mas não muita. Quis saber se lá tinha cinema, se tinha provedor pra conectar na
Internet, onde estavam os shoppings, tem universidade por perto, quantos minutos de carro é daqui pra lá e de cá pra lá? O Ursão disse que eu estava de olhos arregalados e pensou que era de susto..... Mas era mesmo pra melhor enxergar!